quarta-feira, 29 de maio de 2013








Diante da situação surreal em que se deparam atualmente os clubes do Rio de Janeiro com a impossibilidade de realizar jogos na segunda maior cidade do Brasil (e quarta maior da América Latina) pela simples e patética falta de estádios (Engenhão interditado sob ameaça de desabar por uma ventania e Maracanã sendo preparado para o Eike), o técnico Oswaldo de Oliveira, o Oswaldinho, resumiu o quadro: “Beira o absurdo!”



Oswaldinho está certíssimo no que diz respeito à essência da situação por qual passa o futebol carioca (que nem Júlio Verne junto com Stephen King seriam capazes de explicar...), mas erra num ponto fundamental:



O futebol do Rio não beira (há décadas) o absurdo. Ele – e o futebol brasileiro em geral – estão atolados até a goela no mais claro e dantesco absurdo. Ele não beira Oswaldinho, já está nele. E talvez nem Deus saiba como ele irá sair dele. Se é que vai sair um dia.




Conta-nos a história que o legendário treinador Flávio Costa dizia lá em meados do século XX com sobras de razão e lucidez que o futebol brasileiro só era bom e organizado da porta do vestiário para as quatro linhas. Em compensação o quadro fora delas era o pior possível. Quis o destino que a derrota na Copa de 50 – com um festival de trapalhadas da cartolada nos dias que antecederam a decisão contra o Uruguai – servisse para confirmar da forma mais amarga as palavras do antigo e autoritário treinador.



Passadas décadas e apesar de 5 copas mundiais conquistadas – resultado exclusivo do talento de boa parte de seus jogadores – a afirmação de Flávio Costa já se encontra canhestramente datada. Não porque as coisas tenham mudado pra melhor. Muito pelo contrário. A organização e o nível de profissionalismo fora de campo nos dias atuais não devem em nada ao tempo que Carlito Rocha obrigava todos os jogadores do Botafogo a acariciar e entrar em campo junto ao cachorro Biriba; a maneira como o futebol é gerido hoje deixaria Paulo Machado de Carvalho profundamente envergonhado. E olha que estamos falando de um empresário extremamente competente, mas que teve a proeza de obrigar a seleção brasileira a entrar com um uniforme todo azul – o branco lembrava o fantasma de 50... – para enfrentar a Suécia na decisão do campeonato mundial de 58. Pelo singelo motivo de que o azul era a cor do manto de Nossa Senhora Aparecida. Mas imaginem vocês o sentimento de aversão que teria o Dr. Machado ao ver a sucessão de sandices e infantilidades cometidos por “profissionais” (está em aspas pois eles não ganham nada pra isso, fazem-no exclusivamente por “amor”....) que teriam em tese o dever de gerir e tornar viável e rentável essa indústria chamada futebol brasileiro?






Não. Não senhoras e senhores! O futebol brasileiro atual consegue ser horroroso também dentro de campo. Sintoma disso é a aversão dos clubes europeus em contratar qualquer técnico brasileiro. É o fato de ter caído assustadoramente o número de jogadores brasileiros nos mais importantes e ricos clubes do Velho Continente. É a maneira como o cenário local consegue ser dominado por jogadores de meia-idade.



O futebol que Neymar e suas lágrimas deixam pra trás ofendem e denigrem o mais reles senso de dignidade e bom gosto. A ponto de jogadores absolutamente comuns serem alçados a categoria de semideuses. O trágico e mítico exemplo do Dedé é pra lá de literal!



Vários desses dirigentes e jogadores deveriam estar no banco dos réus da Comissão da Verdade. Tinham que explicar o como e o porquê da façanha de conseguirem matar com o futebol desse país. E o simples fato de imaginar que eles ganhem dinheiro com tal crime é uma ofensa à história desse país. Um golpe na memória de quem construiu esse patrimônio ao longo de décadas. Um tapa na cara!!





Leonardo Soares está prestes a trocar o futebol pelo UFC. E espera ver em breve o grande duelo entre Anderson Silva e Eduardo Paes...

Nenhum comentário:

Postar um comentário