Diante da situação surreal
em que se deparam atualmente os clubes do Rio de Janeiro com a impossibilidade
de realizar jogos na segunda maior cidade do Brasil (e quarta maior da América
Latina) pela simples e patética falta de estádios (Engenhão interditado sob
ameaça de desabar por uma ventania e Maracanã sendo preparado para o Eike), o
técnico Oswaldo de Oliveira, o Oswaldinho, resumiu o quadro: “Beira o absurdo!”
Oswaldinho está
certíssimo no que diz respeito à essência da situação por qual passa o futebol
carioca (que nem Júlio Verne junto com Stephen King seriam capazes de explicar...), mas erra num
ponto fundamental:
O futebol do Rio não
beira (há décadas) o absurdo. Ele – e o futebol brasileiro em geral – estão atolados
até a goela no mais claro e dantesco absurdo. Ele não beira Oswaldinho, já está
nele. E talvez nem Deus saiba como ele irá sair dele. Se é que vai sair um dia.
Conta-nos a história
que o legendário treinador Flávio Costa dizia lá em meados do século XX com
sobras de razão e lucidez que o futebol brasileiro só era bom e organizado da
porta do vestiário para as quatro linhas. Em compensação o quadro fora delas
era o pior possível. Quis o destino que a derrota na Copa de 50 – com um
festival de trapalhadas da cartolada nos dias que antecederam a decisão contra
o Uruguai – servisse para confirmar da forma mais amarga as palavras do antigo
e autoritário treinador.
Passadas décadas e
apesar de 5 copas mundiais conquistadas – resultado exclusivo do talento de boa
parte de seus jogadores – a afirmação de Flávio Costa já se encontra
canhestramente datada. Não porque as coisas tenham mudado pra melhor. Muito
pelo contrário. A organização e o nível de profissionalismo fora de campo nos
dias atuais não devem em nada ao tempo que Carlito Rocha obrigava todos os
jogadores do Botafogo a acariciar e entrar em campo junto ao cachorro Biriba; a
maneira como o futebol é gerido hoje deixaria Paulo Machado de Carvalho profundamente
envergonhado. E olha que estamos falando de um empresário extremamente
competente, mas que teve a proeza de obrigar a seleção brasileira a entrar com
um uniforme todo azul – o branco lembrava o fantasma de 50... – para enfrentar
a Suécia na decisão do campeonato mundial de 58. Pelo singelo motivo de que o
azul era a cor do manto de Nossa Senhora Aparecida. Mas imaginem vocês o
sentimento de aversão que teria o Dr. Machado ao ver a sucessão de sandices e
infantilidades cometidos por “profissionais” (está em aspas pois eles não
ganham nada pra isso, fazem-no exclusivamente por “amor”....) que teriam em
tese o dever de gerir e tornar viável e rentável essa indústria chamada futebol
brasileiro?
Não. Não senhoras e senhores! O futebol
brasileiro atual consegue ser horroroso também dentro de campo. Sintoma disso é a
aversão dos clubes europeus em contratar qualquer técnico brasileiro. É o
fato de ter caído assustadoramente o número de jogadores brasileiros nos mais
importantes e ricos clubes do Velho Continente. É a maneira como o cenário
local consegue ser dominado por jogadores de meia-idade.
O futebol que Neymar e
suas lágrimas deixam pra trás ofendem e denigrem o mais reles senso de
dignidade e bom gosto. A ponto de jogadores absolutamente comuns serem alçados
a categoria de semideuses. O trágico e mítico exemplo do Dedé é pra lá de literal!
Vários desses
dirigentes e jogadores deveriam estar no banco dos réus da Comissão da Verdade.
Tinham que explicar o como e o porquê da façanha de conseguirem matar com o
futebol desse país. E o simples fato de imaginar que eles ganhem dinheiro com
tal crime é uma ofensa à história desse país. Um golpe na memória de quem
construiu esse patrimônio ao longo de décadas. Um tapa na cara!!
Leonardo Soares está prestes a trocar o futebol pelo UFC. E espera ver em breve o grande duelo entre Anderson Silva e Eduardo Paes...
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